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sexta-feira, abril 26, 2024
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“Quando cheguei em Cuiabá, percebi algo surpreendente: a energia calorosa das pessoas”

Vanessa Moreno

Diretamente de Osaka, no Japão, a cantora Akane Iizuka, de 48 anos, encontrou em Cuiabá um novo lar e uma nova paixão: a música brasileira. Seu primeiro contato com a música foi em sua cidade natal, aos 17 anos, quando montou uma banda na escola, com um repertório dedicado aos Beatles. Hoje, sua trajetória musical é marcada por uma mistura de influências, enriquecendo ainda mais a cena musical e cultural da capital mato-grossense.

Durante uma entrevista exclusiva para a RDM Cuiabá S/A, Akane compartilhou sua jornada desde sua chegada ao Brasil em 2014. Seu sotaque ainda carregado de estrangeirismo, somado ao caloroso acolhimento do público cuiabano, dá forma à singularidade de sua experiência e sua conexão com Cuiabá e sua gente.

“Quando cheguei em Cuiabá, percebi algo surpreendente: a energia calorosa das pessoas. Fui muito bem acolhida”, compartilha Akane, que hoje vive exclusivamente da música, crescendo como uma voz autêntica nos bares e eventos da cidade.

Confira trechos da entrevista:

RDM Cuiabá S/A: Quando veio para o Brasil? Veio direito para Cuiabá? Como veio parar aqui?

Akane Iizuka: Quando eu vim para o Brasil foi em 2014, não em 2013, foi no final de 2013, certo? Quando cheguei em São Paulo, já era aquela época de Natal, né? Bem no final do ano. Depois, vim para Cuiabá na época da Copa, em junho-julho de 2014. Nessa época, eu era casada com um brasileiro que conheci no Japão, e nós nos casamos em 2007 lá, e em 2010 meu filho nasceu. Quando ele tinha três anos, decidimos nos mudar para o Brasil. Primeiro fomos para São Paulo, para uma região chamada Suzano, porque a família do meu ex-marido morava lá. Foi por isso que fomos para lá. E como chegamos aqui em Cuiabá? Foi por meio de um restaurante-bar chamado Mundaréu, que fica perto da Arena Pantanal, certo? Os donos do Mundaréu são amigos nossos. Nós os conhecemos no Japão, onde moraram por quase 20 anos. Meu ex-marido também é brasileiro e morou no Japão por quase 25 anos, trabalhando lá. Durante a Copa, o dono do Mundaréu precisava de alguém que pudesse atender bem os clientes japoneses, então ele nos chamou para ajudar. Ficamos na casa deles por uma semana e eu ajudei na tradução do cardápio japonês, no atendimento e em facilitar o serviço para os clientes japoneses. Meu ex-marido também fala japonês e sabe ler um pouco. Durante os dias de jogo, o restaurante estava lotado, com muitos japoneses, jornalistas, turistas e até mesmo pessoas da TV. Isso nos ajudou bastante. Depois dessa semana, voltamos para São Paulo, mas gostamos de Cuiabá. Estávamos procurando uma mudança de vida e queríamos nos afastar um pouco da família. Às vezes, é bom estar perto da família, mas às vezes não é tão bom. Eu pedi ajuda para conseguir um emprego aqui em Cuiabá, e o dono do Mundaréu nos ajudou. Naquela época, eu não estava trabalhando e mal falava português, apenas algumas palavras básicas como “bom dia” e “boa noite”. Foi só em 2015 que comecei a cantar.

RDM Cuiabá S/A: O que te atraiu especificamente na música brasileira?

Akane Iizuka: Na verdade, eu estava gostando da música brasileira. Costumava escutar quando morava no Japão. Lá, sempre recebíamos músicos brasileiros para fazer shows, na minha cidade, em Tóquio e em Osaka, que é onde nasci. Havia lugares como o Brunot em Osaka e em Tóquio que sempre recebiam músicos de fora. Lembro-me da época em que houve a comemoração dos 40 anos da Bossa Nova. Ivan Lins, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Astrud Gilberto, Gal Costa e outros artistas da Bossa Nova fizeram um show em Tóquio. Eu fui lá, tinha cerca de 20, 21 anos na época. Eu estava curtindo ouvir música brasileira e até cantava em alguns lugares. Cantava padrões de Bossa Nova como “Garota de Ipanema”, mas tinha menos oportunidade porque estava trabalhando com outro estilo na minha banda, letras japonesas influenciadas pelo soul music americano e também Jazz Standard. Tive muito menos oportunidades para cantar música brasileira naquela época. Realmente comecei a estudar música brasileira quando vim para cá, em 2015.

RDM Cuiabá S/A: E o que mais a surpreendeu no público cuiabano?

Akane Iizuka: Quando cheguei em Cuiabá, percebi algo surpreendente: a energia calorosa das pessoas. Fui muito bem acolhida, e como posso dizer… Foi difícil encontrar alguém fechado, tipo assim. A energia é muito diferente aqui. Tive um pouco de experiência morando em São Paulo também, e senti uma grande diferença.

A música brasileira ganha ainda mais encanto na voz de Akane Iizuka (Foto: Arquivo Pessoal)

RDM Cuiabá S/A: O que você acha da música e da cultura local?

Akane Iizuka: A música local é parte da cultura local, como o rasqueado e o lambadão, né? São ritmos que eu nunca tinha ouvido antes. Da música brasileira eu só conhecia o samba, choro e algumas bossa nova. Então, nunca tinha ouvido esse tipo de ritmo antes. Acho muito interessante, estou curtindo muito, até estou tentando cantar algumas músicas de rasqueado, sabe? Acho muito bonito, é bem diferente.

RDM Cuiabá S/A: Você vive apenas da música? Como tem sido a sua experiência?

Akane Iizuka: Sim, eu vivo da música, né? Trabalho como se fosse uma cantora oficial na orquestra do Sesi. Além disso, faço apresentações em restaurantes e em eventos fechados, como casamentos, recepções corporativas e outros tipos de eventos.

RDM Cuiabá S/A: Como você avalia o cenário cultural e musical aqui em Cuiabá? É valorizado ou ainda falta alguma coisa para ser ideal?

Akane Iizuka: A cena musical e cultural aqui em Cuiabá é muito forte, especialmente com grupos como o Flor Ribeirinha e bandas de Rasqueado e Lambadão. Acho isso muito bacana, é único aqui em Mato Grosso, pelo que sei. Tenho certeza de que haverá mais oportunidades para mostrar isso ao público, inclusive em locais populares e até mesmo em teatros. Acho bem bacana.

RDM Cuiabá S/A: Quais os seus projetos futuros?

Akane Iizuka: Então, estamos começando um novo projeto chamado Double Guitar e Voz. Eu sou a vocalista, Akane, Claudinei toca violão de sete cordas e a guitarra é tocada pelo Bilitequia. Esse trio acabou de começar e estamos testando várias coisas. Nosso repertório inclui jazz, pop internacional, MPB, Choro, samba, bossa nova, é uma mistura de estilos. Estamos planejando gravar materiais, tirar fotos, entre outras coisas. No momento, estamos focados nesse trio. Atualmente, estamos fazendo apresentações uma vez por mês fixo em um restaurante chamado Canto Cozinha Conforto, em uma terça-feira do mês, onde temos um dia de jazz. Também fizemos uma apresentação no restaurante Trigória. Em abril, temos alguns eventos agendados, como na Casa do Parque, nos dias 18 e 26, onde faremos nosso show.

Conheça mais sobre o trabalho de Akane Iizuka em sua página no Instagram @akanecantora.

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