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sexta-feira, março 29, 2024
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Professora Bartira, de Mendonça Carvalho

Bartira de Mendonça de Carvalho foi considerada a Chiquinha Gonzaga mato-grossense, pelos seus talentos e dotes musicais e artísticos. Nasceu em 05 de março de 1903, em Cuiabá-Mato Grosso e faleceu no dia 04 de março de 1984, na cidade do Rio de Janeiro-RJ.

“Tivemos também em Cuiabá a nossa Chiquinha Gonzaga, que foi dona Bartira de Mendonça, irmã de Rubens de Mendonça. (…) as crianças iam buscar suas aulas de piano, violão, pintura, e ela era realmente uma compositora, uma artista plástica, uma mulher super versátil (..), escreveu a desembargadora Maria Helena G. Póvoas.

Foi professora, pintora e santeira. Descendente de tradicional família cuiabana, era filha do historiador Estevão Anastácio Monteiro de Mendonça e Etelvina Pires Caldas de Mendonça, cujo casamento deu-se em 04 de fevereiro de 1887, em Cuiabá. Irmã de Nuno Anastácio Monteiro de Mendonça, nascido em 04 de julho de 1898, Other de Mendonça, nascido em 07 de setembro de 1895 e Rubens de Mendonça, nascido a 27 de julho de 1915, sendo todos nascidos em Cuiabá.

A imortal Vera Iolanda Randazzo, da Academia Mato-grossense de Letras – AML, em jornal o Estado de Mato Grosso, de 1969, reproduziu palavras do seu pai – Estevão de Mendonça, sobre Bartira onde diz: “(…) tenho 4 filhos e a única menina da turma, tornou-se desde logo – princesa encantada – do meu lar humilde e, fala sobre o lindo nome da filha. Bartira (…)“ resultou da leitura ocasional, do livro da Confederação dos Tamoios, de autoria de Domingos de Magalhães, o nome dado a minha filha”.

Apenas, inscrevendo o seu nascimento com a minha própria letra no livro do escrivão de paz, alterei a grafia da palavra, eliminando o palpite, um tanto como revivência onomástica de um ancestral longínquo, e por outro lado, em obediência a regra do vocabulário indígena”. E continua (…) “ com fidelidade seria Portira ou Ibotira – flor selvagem -, como Capistrano de Abreu ensinou a minha filha Bartira”.

Bartira de Mendonça de Carvalho foi considerada a Chiquinha Gonzaga mato-grossense, pelos seus talentos e dotes musicais e artísticos
Entusiasta da cultura em terras cuiabanas, Bartira gostava de tocar instrumentos musicais, sendo os seus preferidos, piano e acordeom. Gostava ainda, de pintar, tendo recebido orientações técnicas da sua irmã Alzira Bastos e, também, frequentou em algumas ocasiões, o ateliê Portinari, no Rio de Janeiro-RJ, segundo informou Adélia Badre de Mendonça de Deus, sua sobrinha e filha do historiador Rubens de Mendonça.

Um dos seus discípulos foi artista plástico cuiabano João Sebastião Francisco da Costa, falecido aos 66 anos, em 2016 e, que recebeu em 1965 os primeiros ensinamentos da professora Bartira Mendonça. Outro artista plástico que passou pelas mãos da professora Bartira foi Rafael Rueda, cuiabano, também já falecido.

Nas festas religiosas em Cuiabá, era muito requisitada para pintura em estandartes e bandeiras de santos. Sempre presente em eventos religiosos participou ativamente do “Chá Bola de Neve”, evento social, em prol da Cathedral Metropolitana de Cuiabá.

Casou-se em Cuiabá com o professor Rubens de Carvalho, professor do Liceu Cuiabano. Nasceram desse casamento: Maria Conceição Mendonça de Carvalho (falecida), nascida em 05 de setembro de 1924, cujo nome foi dado em homenagem a sua avó paterna; José Mendonça de Carvalho, falecido em 05 de julho de 1926, João Bosco Mendonça de Carvalho; Therezinha Mendonça de Carvalho e Lúcia Mendonça de Carvalho, todos residentes no Rio de Janeiro-RJ.

Professora Bartira foi eleita diretora social da Associação Mato-grossense de Professores Primários. A 26 de novembro de 1916, alunas da Escola Normal, entre elas Bartira Mendonça, fundam um grêmio literário denominado “Grêmio Literário Julia Lopes”, fundado em 26 de novembro de 1916, formado essencialmente por senhoras e senhoritas da sociedade cuiabana, e editou por cerca de 40 anos a sua revista – A Violeta fundada em 1916, que circulou em Mato Grosso até os anos 1950.

Foi escrita e editada pelas “senhoritas cuiabanas” Thereza de Arruda Lobo, Regina da Silva Prado, Mariana Póvoas e Bartira de Mendonça. A ideia era reivindicar um maior espaço educacional feminino.

Essa interessante revista foi editada continuamente até cerca de 1950.

Foi vice-presidente da Sociedade de Proteção a Maternidade e a Infância de Cuiabá. No Centro Mato-grossense de Letras, atual Academia Mato-grossense de Letras – AML sempre participou de sessões de cultural, com destaque ao Piano. Em 1972, no casamento de Éden Figueiredo e Regina Ribeiro Daubian, na Catedral Metropolitana de Cuiabá, Bartira de Mendonça conduziu os sons do Órgão da Catedral.

Bartira é avó da cantora Lucina Helena Carvalho e Silva. Em jornal local, Lucina declarou que “a minha avó foi uma influência fortíssima. Ela tocava piano, acordeom, pintava, dava aula de tudo em Cuiabá. É uma pessoa por quem eu tinha um carinho muito grande e me influenciou bastante”.

Bartira conviveu com o renomado médico Silvio Curvo, da capital mato-grossense. Sílvio Curvo nasceu em Cuiabá no dia 21 de abril de 1905, filho de Bento Antônio Curvo e de Antônia Ferreira Curvo. Estudou no Liceu Cuiabano, em sua cidade natal, e cursou a Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, por onde se formou em 1929. Especializando-se em clínica médica, obstetrícia e cirurgia de urgência, tornou-se em 1930 diretor do hospital da Santa Casa de Cuiabá, permanecendo nesse cargo até 1950.

Neila Barreto é jornalista e mestre em História.

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