25 C
Cuiabá
quinta-feira, março 28, 2024
spot_img

Precarização da mulher no mercado de trabalho aumenta no primeiro trimestre

Segundo análise de economistas da Facamp sobre os dados do primeiro trimestre de 2019 do PNAD, mulheres são maioria da força de trabalho subutilizada

O primeiro trimestre do ano indica o aumento da precarização do papel da mulher no mercado de trabalho. Segundo análise da Facamp (Faculdade de Campinas) sobre os microdados do PNAD-c, apesar da taxa de desocupação entre o sexo feminino ter recuado 0,1 ponto percentual, uma observação aprofundada mostra o crescimento da subocupação e da informalização do trabalho delas.

  

“A taxa de subocupação para mulheres subiu de 8,2% para 8,9%. O número, 8,7 pontos percentuais maior do que a dos homens, registrou um aumento considerável, atingindo quase 30% da força de trabalho ampliada das mulheres. Isso porque, embora a taxa de desocupação tenha diminuído, a taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas e a taxa de mulheres desalentadas se elevaram”, afirma Daniela Salomão Gorayeb, professora da Facamp e doutora em economia.

Os microdados apontam que mulheres são a maioria da força de trabalho subutilizada. A participação na População em Idade Ativa (PIA) foi de 52,4% mulheres e 47,6% de homens no primeiro trimestre, porcentagens próximas às do total da população brasileira. No entanto, de acordo com a figura ao lado, é possível notar que as mulheres deixam de ser a maioria nas categorias que caracterizam disponibilidade e remuneração no mercado de trabalho, tais como: FT – Força de Trabalho (44,8%) e pessoas ocupadas (43,7%).

Em categorias afastadas ou mais precárias do mercado de trabalho, as mulheres voltam a representar a maioria, principalmente nas categorias que demonstram a subutilização da FT: pessoas subocupadas (53,1%), desocupadas (52,6%) e na Força de Trabalho Potencial – FTP (58,9%). Além disto, as mulheres se aproximam de um terço das pessoas fora da FTP (65,5%) e das pessoas indisponíveis para o trabalho (66,2%). No total de subutilização da força de trabalho, que alcançou 28,3 milhões de pessoas no primeiro trimestre, as mulheres compuseram a maioria (54,5%).

Elas também são maioria no número de pessoas fora da força de trabalho (64,6% ou um total de 42 milhões de mulheres no período analisado). “Esses números denotam que há disparidades importantes na forma de inserção de mulheres e homens em idade ativa em suas diversas categorias no período”, comenta Daniela.

Menor salário

Mulheres continuam com rendimentos menores, mesmo com o mesmo nível de escolaridade dos homens. O rendimento médio para as mulheres foi de R$2.142,20 no primeiro trimestre enquanto, para os homens, foi de R$2.644,60. As mulheres recebem, em média, 81% das remunerações dos homens. “A persistência dessa diferença está relacionada à maior participação das mulheres em posições mais precárias de emprego e de ocupação, relativamente aos homens. Vale ressaltar que o aumento dos anos de estudo agrava ainda mais essa disparidade. Quanto maior o nível de escolaridade, maior a desigualdade salarial entre gêneros”, diz Daniela. Segundo os dados do PNAD-c, mulheres com maior nível de escolaridade chegam a ganhar apenas 64,3% dos rendimentos recebidos pelos homens.

FACAMP Mulheres no Mercado de Trabalho é uma publicação trimestral do CPGen­­ – Centro de Pesquisas de Economia e Gênero da FACAMP que repercute os resultados dos microdados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE.

Centro de Pesquisa de Economia e Gênero da FACAMP

Clique aqui e entre no grupo RDM no Whatsapp

Latest Posts

ÚLTIMAS NOTÍCIAS