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quinta-feira, março 28, 2024
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Plataforma agenda coleta e doação de sobras de obras para famílias de baixa renda

Sobras de construção quase sempre vão parar em lixões, terrenos baldios e, na melhor das hipóteses, em aterros sanitários. Luminárias, pias, tinta, verniz, rejunte, azulejos, pisos, telhas, torneiras, portas, janelas, revestimentos de parede, entre outros materiais infelizmente costumam não ser reaproveitados. Assim acontece em várias regiões do país.

As arquitetas Maria Carolina de Souza Barreto e Gislaine Fabri, proprietárias do escritório Personnalité de Sinop (MT), criaram uma solução inovadora e de impacto socioambiental para este problema. Há dois anos, lançaram a plataforma Obra Solidária, uma ponte entre quem pode doar estes materiais e quem precisa deles para construir e reformar.

As sobras são inscritas por aqueles que querem descartá-las e interessados se candidatam para recebê-las na plataforma. A data e horário da entrega, que pode ser levada pelo doador ou buscada pelo contemplado, são também combinados no site.

O público-alvo da inciativa são famílias em situação de vulnerabilidade social, explica Carolina. Em dois anos, a plataforma Obra Solidária arrecadou cerca de 644 doações de sobras de construção e reformas. Até o momento, seis famílias foram beneficiadas e puderam melhorar suas moradias, construir banheiros, entre outros. Pacientes com câncer e outras doenças, quando saem de hospitais precisam continuar o tratamento em casa, mas dependem de contar com banheiro adequado, informa a arquiteta. Este público tem recebido apoio da plataforma.

“A gente passa a repensar muita coisa na vida, no conforto que temos e nas pessoas que não têm banheiro dentro de casa. Estamos dando dignidade a essas pessoas. Temos carinho especial com as crianças”, afirma Carolina.

O sucesso da iniciativa está transformando a Obra Solidária em aplicativo. A divulgação de um vídeo sobre a plataforma nas redes sociais e a reportagem da TV Centro América (Rede Globo) repercutiram muito nas redes sociais, levando a boa notícia para além de Mato Grosso. Pessoas e instituições interessadas querem replicar a iniciativa em MG, RO e RJ.

Por enquanto, a Obra Solidária está aberta só para Mato Grosso e as duas arquitetas estão preparando o Código de Ética da plataforma e aplicativo para garantir que seja bem utilizada em outras cidades e regiões. “Queremos ter certeza de que a plataforma será usada honestamente e dentro da lei”, ressalta.

Socioambiental

Esta história começou, em 2015, como prática de responsabilidade socioambiental do escritório Personnalité, especializado em projetos de arquitetura com foco em sustentabilidade. “Percebemos que sempre havia sobras no final das obras de nossos clientes. Passamos a coletar e a levar estes materiais como doação para famílias carentes”, conta Carolina.

Várias pessoas e empresas tomaram conhecimento da iniciativa das duas arquitetas e começaram a ligar querendo doar sobras de construção, de pequenas e grandes reformas. A demanda aumentou rapidamente. Certa vez uma empresa de iluminação queria doar dezenas de luminárias com pequenas imperfeições, ainda dentro das caixas, que seriam descartadas no lixão, revela.

“Tivemos de fazer uma opção: ou continuávamos a fazer do jeito que fazíamos ou dávamos um passo a mais”. Alugaram um contêiner para guardar as doações. As entregas comprometiam boa parte do dia. Assim surgiu a ideia da plataforma, que foi desenvolvida pelo parceiro Cândido Alberto. Doações e entregas passaram a ser combinadas entre doadores e contemplados.

Leilões on line de algumas peças também podem ser feitos pela plataforma, como meio de arrecadar recursos para custear despesas que vão da mão de obra, contas de telefone até combustível para realizar as entregas pelas arquitetas. O escritório Personnalité se encarrega de algumas reformas para famílias de extrema necessidade.

“Esta iniciativa deu boa visibilidade ao escritório”, diz Carolina. Ela lembra que outros escritórios também podem divulgar seus serviços na plataforma, que se tornou numa vitrine de arquitetos com boas práticas de responsabilidade socioambiental. (www.obrasolidaria.net.br)

Fonte: SEBRAE/ Vanessa Brito

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