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quinta-feira, abril 18, 2024
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“Nossa união é importante, porque ‘queixada fora do bando é comida de onça’”

Presidente do Consórcio Intermunicipal do Vale do Arinos, prefeito Carlos Sirena, de Juara, fala da importância da unidade dos municípios da região

Por João Negrão

O presidente do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Vale do Arinos é o prefeito de Juara, Carlos Sirena. Além de Juara, o Consórcio reúne os municípios de Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos, Tabaporã, Brasnorte e Itanhangá. Nesta entrevista, Carlos Sirena fala sobre como a instituição foi resgatada, discorre sobre o trabalho desenvolvido e menciona sobre as ações futuras.

O município fica na região Norte, com uma população de puoco mais de 30 mil habitantes

RDM Municípios – Prefeito, o senhor poderia começar falando sobre como esta trabalhando hoje o Consórcio Intermunicipal do Vale do Arinos.

Carlos Sirena –Perfeito, vamos lá. Bom, mais uma vez é um prazer estar contigo, levar essa informação e dizer que nós somos bastante motivados pelo consórcio porque a maneira de que a união consegue digerir um pouco mais com mais facilidade os problemas que surgem, principalmente no que toca à infraestrutura. Nosso consórcio é muito grande, embora com poucos municípios. Para facilitar o entendimento sobre ele, vamos colocar aqui a sedei, vamos exemplificar Juara: dois milhões 160 mil hectares, município maior que o estado de Sergipe, onde tem mais de 4 mil km de estradas não pavimentadas, tendo ele 723 estradas estaduais, MTs,  não pavimentadas. O consórcio é uma maneira que o Estado tem de proporcionar corrigir aquilo que nós temos, uma deficiência muito grande, que é maquinário, nos proporcionam maquinário e a junção dos municípios nos dá condições de solucionar os problemas de infraestrutura. É claro que não total sempre alguma coisa vai faltar, porque os municípios o são muito grandes, mas condições de pelo menos amenizar situações de infraestrutura que nós temos.

RDM Municípios – Além disso, prefeito, o consórcio facilita até às compras governamentais, por exemplo na área da educação, da saúde. Como que funciona?

Carlos Sirena –O problema maior que nós temos é a questão de infraestrutura, a gente já tem muito isso em relação a educação, a saúde também. Nós temos um Consórcio de Saúde também, que é outro presidente. Nós estamos falando de consórcio de infraestrutura hoje, mas o presidente do Consórcio de Saúde é o prefeito do Porto dos Gaúchos. Nós dividimos, Juara tem o Consórcio da Infraestrutura e Porto dos Gaúchos tem o Consórcio da Saúde. Mas claro que ajuda, ajuda muito nós trabalharmos em conjunto. Isso eu volto a repetir, ameniza bastante, é uma palavra meio difícil, mas esse sofrimento que a gente tem no interior é por conta de localização geográfica. Claro que é verdade que hoje as coisas melhoraram muito, a gente já que está aqui há mais de 30 anos sabemos do sofrimento que as pessoas que vieram aqui no começo, os pioneiros que chegaram aqui. Hoje as coisas evoluíram, e é bom que se ressalte principalmente no atual governo Mauro Mendes.

RDM Municípios – Essa unidade dos municípios também ajuda nessa força política do governo, do parlamento, entender que está lidando com prefeitos de uma região importante?

Carlos Sirena –Sim, bastante importante essa colocação sua porque nós formamos municípios de uma região importante de Mato Grosso. Tem um ditado muito antigo que a gente costuma falar, eu que vim do interior, da roça, que diz que “queixada fora do bando é comida de onça”. Então, é importante que a gente tenha essa união. A gente vive falando isso para os companheiros no entorno aqui, não só os amigos, os colegas prefeitos, os companheiros prefeitos, mas com todos ao entorno. Como os problemas voltam a se repetir e tem muito problema em comum, é bom que a gente vá sempre em conjunto. Eu me sinto gratificado que todos tenham entendido isso e nós temos levado a demanda e é como o senhor acabou de falar, além de politicamente ter um respaldo maior, você vai com mais cabeças pensantes, não é, vamos dizer assim, você tem mais facilidade em resolver esses mesmos problemas.

RDM Municípios -O Vale do Arinos sempre demonstrou uma força política muito grande, inclusive conseguindo eleger parlamentares, e tem essa força política grande que acaba tendo importância, apesar da distância da capital, apesar das dificuldades, tem uma importância política muito grande no contexto estadual.

Carlos Sirena –Tem, tem sim. No caso, como exemplo, tem a deputada Janaína, tem o ex-deputado Oscar Bezerra, que ficou como deputado por um tempo, a ex-deputada Luciane Bezerra… Nós tivemos sempre uma representatividade política muito interessante, muito importante. O povo nosso é um povo politizado, essa é a verdade, tanto é que uma região com um número não tão grande assim de eleitores conseguiu manter dois deputados ao longo do tempo. Hoje nós temos uma deputada, mas tem essa representatividade, sim, e isso é graças à maturidade política da nossa população.

RDM Municípios – Qual é a vocação econômica do Vale do Arinos?

Carlos Sirena –Inicialmente veio o processo de madeira, onde os madeireiros vieram, exploração da madeira, posteriormente a pecuária, e foi uma sequência. Diga-se de passagem, Juara teve o primeiro maior rebanho do Estado por um período. Hoje estamos em terceiro lugar, mas os pecuaristas aqui são extremamente profissionais. Ela começou com uma pecuária já bastante avançada. Os pecuarista aqui são pessoas inteligentes, pessoas que vieram para realmente desenvolver, e principalmente tecnologicamente falando, introduzindo inseminação, e foi evoluindo o rebanho. Hoje tem um rebanho bom não só em quantidade, mas uma qualidade bastante importante. Depois da pecuária está vindo outro processo que é agricultura, e ela vem, e vale ressaltar o seguinte, em cima só de áreas degradadas, mas também não chega com exploração, de derrubadas, avançando sobre a mata. Agora está vindo a lavoura e nós temos, por ser um município grande, extremamente grande, tem seus problemas, mas também tem suas vantagens, e tem terra, e terra é uma coisa limitada. Temos topografia, e aos olhos de quem planta, do lavoureiro, nós começamos ter investimentos altos de pessoas que são lavoureiro por profissão, que vieram e hoje a gente já conta com cerca de 150 mil hectares de lavoura só em Juara. Essa realidade não era nossa até pouco tempo atrás, tanto é que se o senhor vier aqui nos visitar, tanto você que nos acompanha, vem, visite o Vale do Arinos, visite Juara, nós mudamos o perfil, mudou. Nós tínhamos um caminhão boiadeiro, que era a pecuária só, um ou outro caminhão de tora, que carregava poucas toras, e hoje nós passamos a ter caminhões bitrem, bicaçamba, carregando calcário, enfim, a situação, o perfil da nossa região mudou, tem mudado para melhor. Vale ressaltar que Juara, no passado, posso te falar de cadeira, venho aqui de 1981, ela era tida como uma cidade fim de linha. O senhor vinha aqui nos visitar, chegava aqui e voltava pelo mesmo caminho que veio, era assim Juara. Então, talvez não fosse tão atrativo para o investidor por conta da infraestrutura, da estrada. Hoje nós já temos várias saídas para Cuiabá, a nossa é a MT-220, que é essa que sai para Sinop, Juara-Sinop, que liga Tabaporã, Novo Horizonte, Porto dos Gaúchos, que liga lá na MT-163, que é um canal de exportação conhecido por todos nós. Então, é bastante otimista. Mas basicamente o relato é esse: madeireiro, pecuarista e o lavoureiro. E a diminuição do rebanho que eu havia falado antes foi por conta da entrada de lavoura nos pastos degradados, e a gente tem notado que a pessoa que coloca lavoura nos pastos degradados, por conta de uma rentabilidade maior tem se fixado na lavoura, e nós queremos acreditar que esse volume de hectares ele deverá dobrar nos próximos três ou quatro anos.

RDM Municípios – Que maravilha, prefeito! Agora só para finalizar mesmo porque me suscitou duas coisas: a primeira só para falar rapidamente da agricultura familiar, como é que tá o perfil da agricultura familiar aí, e depois eu faço a última pergunta, por favor.

Carlos Sirena –Certo. Nós temos alguns assentamentos, e está aí uma coisa que nós precisamos prezar por ela, sabe, a gente sempre tem olhado. Claro que o produtor tem duas situações: uma é da porteira para dentro, onde ele sabe como tocar atividade dele, ele entende como ninguém, e a outra é a comercialização, da porteira para fora. Quando se trata de agricultura familiar, nós temos assentamentos aqui que desenvolvem essa agricultura familiar, pelos entorno da cidade, e temos uma feira uma feira de comercialização desses produtos, mas nós precisamos avançar, e aqui assumo essa condição de que nós precisamos avançar. Porque quando se fala em agricultor familiar, tem muita simpatia em avançar nesse quesito, porque o pequeno produtor agricultor familiar ele vem investir suas economias, aquilo que ele ganha, aquilo que ele tira sustento lá da sua propriedade, ele investe na própria cidade. Não tô querendo aqui dizer que o grande não invista, mas o grande tem uma condição melhor de consultar coisas fora, então o pequeno agricultor vai investir 100% na cidade. Isso é uma preocupação, nós temos essa preocupação, claro que o poder público tem suas limitações também, mas não tenha dúvida alguma que a gente está avançando, iremos fazer uma remodelação da nossa feira e tentar proporcionar de alguma maneira a comercialização do produto oriundo da agricultura familiar.

RDM Municípios – Prefeito, o consórcio tem permitido essa interligação que o senhor relatou sobre as vias de acesso. Como é que está conseguindo avançar nessa interligação de infraestrutura dos municípios?

Carlos Sirena – Como os nossos prefeitos têm um relacionamento muito bom de amizade, companheiros de longa data, e nós fizemos uma divisão do consórcio. O Governo do Estado do Mato Grosso nos proporcionou a vinda de seis máquinas, e como Juara é o território maior, nós ficamos Juara e Novo Horizonte do Norte, com que Novo Horizonte meio que apadrinhado, vamos dizer assim, e nós estamos trabalhando juntos aqui, e Porto dos Gaúchos e Tabaporã. Aí sentamos e decidimos qual é o maquinário, a demanda maior de maquinárie fizemos essa divisão entre nós. Estamos trabalhando dessa forma, e é claro que com uma necessidade maior o prefeito de Tabaporã e Porto dos Gaúchos pode ligar e falar olha prefeito de Juara, agora manda uma Patrola, nós trabalhamos em uma harmonia. Porque eu volto a repetir, os problemas eles são comuns, principalmente no que toca à infraestrutura, estradas, e um bom relacionamento tem nos ajudado. Não tô querendo dizer para quem nos assiste que está tudo às mil maravilhas, não, estamos vivenciando um período de chuva diferenciado, foram mil milímetros além do normal, nós temos uma precipitação aqui de 2000mm esse ano foram para três mil, então imagina um município com tantas pontes, tantas árvores e tantos quilômetros de estrada os problemas se aglomeraram muito, mas a medida do possível vai tocando e eu sempre aproveito essas estações para fazer agradecimento ao estado, e tenho falo isso nos depoimentos porque antigamente não se tinha muito essa condição, e a gente dá tanto valor é uma máquina, meu irmão, que você nem imagina. Hoje você tá com uma atoleiro lá numa estrada, nós temos distrito a 140 Km aqui, temos assentamento a 180 km daqui de estrada de chão, e aí quando você vê que um atoleiro tira o direito de ir e vir do cidadão, que às vezes não vem é só para fazer uma compra, ou vem para cidade para visitar um parente, às vezes vem por uma necessidade maior, principalmente a doença, então isso nos preocupa em mundo, então todo e qualquer máquina é bem-vinda todo e qualquer ajuda sempre é muito bem-vinda.

 

 

 

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