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quinta-feira, março 28, 2024
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Ensino híbrido caminha para ser efetivado nas escolas particulares

As experiências enfrentadas durante a pandemia podem ter mudado para sempre o ensino nas instituições privadas de São Paulo. Colégios, cursinhos, universidades e escolas de idiomas criaram, às pressas, condições para que seus alunos conseguissem assistir às aulas remotamente. Um pouco depois, passaram a oferecer um modelo híbrido. Esta última opção deve seguir nos currículos mesmo após a crise.

“Muitos professores tinham medo de usar a tecnologia, mas eles se superaram”, diz Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (sindicato das escolas privadas de SP). Segundo ele, a tendência é que o sistema mesclado permaneça. Os estudantes continuariam indo presencialmente, mas poderiam assistir às recuperações ou repor dias perdidos a partir de casa.

Isso, porém, não será fácil para todos os colégios. A rede é heterogênea. Silva conta que, entre as 11 mil associadas do sindicato, muitas atendem classes C, D e até E. Alguns dos alunos, portanto, tiveram dificuldades para acompanhar aulas remotas durante a pandemia.

COLÉGIO PARTICULAR: OBJETIVO TECNOLOGIA É LEGADO QUE FICA APÓS PANDEMIA

Campeão pela quarta vez seguida, o Objetivo foi citado por 10% dos paulistanos como melhor colégio particular da capital. Maria do Rosário de Toledo Camargo, coordenadora pedagógica da escola, atribui o bom resultado no último ano ao empenho do Objetivo em seguir provendo uma boa educação em meio à pandemia. “Investimos muito em tecnologia em 2020, quando ficamos praticamente sem funcionar. Em 2021, já estávamos bem preparados para a volta às aulas”.

Galvão Bertazzi Quando as autoridades liberaram até 30% dos alunos nas escolas, o colégio deu preferência à ida dos mais novos, pois avaliava que eles eram os que mais sofriam aprendendo a partir de suas casas. Os mais velhos, por sua vez, começaram a ter aulas híbridas, mas síncronas. “Não é só colocar um professor da nossa equipe para dar a parte remota a toda a rede. Isso seria muito impessoal. As pessoas tinham aula com seus professores do dia a dia”, afirma a coordenadora. A experiência certo, e a escola segue com o modelo híbrido até hoje para alunos que estão doentes. A partir de casa, o estudante consegue assistir à mesma aula que os colegas e também interagir com eles. Outro motivo para ser lembrado na pesquisa, acredita Maria do Rosário, é a relação com os responsáveis pelos estudantes. Na pandemia, havia reuniões online. A modalidade permitiu que toda a família participasse das conversas e se aproximasse da comunidade escolar.

CURSINHO: OBJETIVO CURSINHO VÊ ALUNO MENOS TÍMIDO EM AULAS REMOTAS

O Objetivo também venceu entre os cursinhos, com 21% das menções dos entrevistados. As aulas começaram online e se tornaram híbridas em 2021. Giuseppe Nobilioni, diretor e professor de matemática, diz que o ensino remoto foi melhor que o esperado. “Nunca houve tantas perguntas na minha aula. Presencialmente há quem se sinta um pouco intimidado, com medo de a questão ter repercussão ruim entre colegas [no sentido de perguntas consideradas óbvias por alguns]”, conta.

Segundo o professor, o ambiente de aulas remotas conseguiu ainda refletir o presencial, com brincadeiras e conversas sobre temas alheios ao cursinho e ao conteúdo em si. A preocupação com a qualidade das aulas também apareceu em atitudes individuais do corpo docente. Antes de voltar a lecionar presencialmente após quase dois anos, Nobilioni se lembra de ter ensaiado.

“Na semana anterior ao retorno, fui quase todos os dias à Paulista [onde fica uma das unidades do cursinho] treinar escrever na lousa e usar microfone. E colegas fizeram o mesmo”. Em outra frente, a instituição se mostrou compreensiva com alguns responsáveis pelos alunos, afetados financeiramente pela pandemia, que buscavam descontos. O cursinho também disponibiliza, no fim do ano, material complementar, como resumos de obras literárias, tabelas periódicas e resolução de provas, à rede pública. “Além do nossos alunos, atendemos a comunidade”, diz Nobilioni. CURSINHO OBJETIVO 21% das menções Fundação 1965 Unidades 11 Funcionários 268 Faturamento Não divulga Crescimento Não divulga

ESCOLA DE IDIOMAS: CULTURA INGLESA TRANSFORMAÇÃO CHEGA ÀS CLASSES E AOS NEGÓCIOS

Eleita a melhor escola de idiomas pela oitava edição consecutiva, com 23% das citações na pesquisa Datafolha —seu melhor resultado na série histórica —, a Cultura inglesa teve um ano de importantes transformações em 2021. Forçada a fazer uma rápida migração para o ensino remoto em 2020 por causa da pandemia, a instituição aproveitou para desenvolver um novo modelo de curso, híbrido, que continuará a ser usado mesmo após a crise sanitária. Galvão Bertazzi Trata-se de uma mescla de aulas presenciais, remotas ao vivo e conteúdo assíncrono numa plataforma interativa gamificada da escola, desenvolvida para este fim. Os cursos começaram em 2021. Na frente de negócios, a Cultura Inglesa São Paulo comprou a Cultura Rio de Janeiro —as duas entidades funcionavam de forma separada. Com isso, ampliou sua operação no Brasil: cerca de 70% das Culturas do país agora estão sob sua administração. A instituição também fortaleceu sua parceria com colégios, passando a lhes fornecer uma plataforma de ensino bilíngue. Além de atuar em 26 escolas, a Cultura desenvolveu, pela primeira vez, material didático próprio. “No ano passado, transformamos uma organização que ainda era regional, de ensino presencial e analógico, em uma empresa nacional e digital. Foi um grande movimento de transformação”, resume Marcos Noll Baboza, CEO da entidade.

CULTURA INGLESA 23% das menções Fundação 1934 Unidades 86 próprias e 35 franquias Funcionários Cerca de 2.000 Faturamento Não divulga Crescimento Não divulga Ser lembrado pelos paulistanos há alguns anos, para nós, é motivo de muita satisfação. Acho que uma das razões para isso é que a gente se reinventa constantemente, mas também preserva a nossa essência: excelência acadêmica, relacionamento com o aluno e compromisso social Marcos Noll Barboza CEO da Cultura Inglesa

UNIVERSIDADE PARTICULAR: MACKENZIE GRADUAÇÃO VOLTA AO PRESENCIAL; PÓS CONTINUAM ONLINE A Universidade Presbiteriana Mackenzie voltou às aulas 100% presenciais no dia 11 de abril. A jornada até a data, porém, não foi simples. Altos investimentos em tecnologia para cursos remotos e híbridos, que foram objeto de pesquisa de satisfação entre os alunos, e até uma biblioteca drive-thru estão entre as iniciativas da instituição durante os últimos dois anos, marcados pela crise sanitária. “Superamos muitos obstáculos. Investimos em material, incluindo a aquisição de câmeras supermodernas, que filtra ruídos, e em capital humano”, conta Marco Tullio Vasconcelos, reitor da universidade. Campeã pela segunda vez de O Melhor de sãopaulo, citada por 18% dos paulistanos entrevistados, a instituição, diz o reitor, também recebe outros feedbacks positivos.

Galvão Bertazzi “A indústria, órgãos de Estado e da Justiça elogiam nossos estudantes. Dizem que eles são bem formados tecnicamente e que também têm valores”, afirma Vasconcelos. Em 2022, o Mackenzie completa 70 anos com o título de universidade. Para manter o nível durante a pandemia, precisou, em poucos dias, atender remotamente cerca de 25 mil alunos. Antes, tinha cerca de mil estudantes de EaD. Depois, no segundo semestre do ano passado, recebeu os alunos por seis semanas.

Ao fim do prazo, fez uma pesquisa de satisfação, na qual 80% dos discentes se mostraram satisfeitos com a iniciativa. A graduação volta agora ao presencial, mas a expertise desenvolvida com as aulas remotas continuará a serviço de mestrado, doutorado e algumas pós lato-sensu. Vasconcelos conta que, durante o período, a vida para além das aulas nos campi também fez muita falta. “Sofremos sem os corais, as atividades dos centros acadêmicos e as esportivas, porque não dá para treinar online. Esperamos que tudo volte ao ritmo pré-pandemia.” MACKENZIE 18% das menções Fundação 1870 (virou universidade em 1952) Unidades Três campi Funcionários 1.720 Faturamento R$ 1,478 bilhão do Instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade mantenedora da universidade, em 2021 Crescimento 6,6%

Da redação com Folha de S. Paulo

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