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quinta-feira, março 28, 2024
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Opróbrio

Preste atenção à dança de raios que rasga o velho véu

Como luminosos fogos de artifício a brilharem no céu

 

Siga o chamado inquietante que há no estrondo perturbador deste trovão

Ouça o grito aflito que ecoa a voz de uma geração

Por justiça, empatia e libertação

Foi [só]assim que a humanidade enxergou a desumanidade da escravidão!

 

A força da natureza impõe ao tempo indeléveis sinais

Incitando a rosa de muitos ventos

À realizar sutis movimentos

E apontar novos pontos cardeais

 

 

Racismo, ladrão de sonhos, manipulador de destinos!

Teu credo é legado maldito impresso na memória

Manchaste de lágrimas e sangue [todas] as páginas do livro da nossa história

 

 

Deleitas-te em ver a raça humana trafegar às cegas pela contramão

Tua lei é” Irmão contra irmão”

Teus súditos sutis veem escorrer sangue inocente

E lavam as mãos

Como Pilatos, regam a terra com o fel da própria obstinação

 

 

Mas

Movidos pela esperança de chamar meu céu de “seu”

Confinados no moderno Coliseu

Futuro e passado se enfrentam frente a frente na arena

[Já assistimos a essa cena]

E a antiga crença empunha sua lança

Ensaiando repetir os passos de uma velha dança

E se lança contra toda ânsia por justiça e liberdade

 

 

Mas

Justiça e Liberdade só serão verdade

Se forem inteiras

Nunca pela metade

 

 

E a Liberdade tem pressa

Porque custa alto preço

A quem a conhece apenas pelo avesso

Por isso é preciso recontar [mil vezes] a história toda

Do fim para o começo

 

 

Neste jogo de dados

O tempo [ainda] é aliado

Mas o presente lança seus dardos

E tenta escapar por entre os dedos

Mas ainda é cedo

Ele está em nossas mãos

Clamando por [mais] ousadia, sensibilidade e prontidão

 

 

Porque o planeta entrou novamente em ebulição

Para que se evapore da face da terra

Todo vestígio

Do opróbrio da escravidão

 

Henrique Schneider Neto é promotor de Justiça.

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