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sexta-feira, abril 19, 2024
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O nosso caminho de pedras

Venho, nesta coluna, defendendo o regime democrático por entender que não existe outro capaz de resolver os problemas do Brasil. É nele que, apesar de todos os defeitos, residem as melhores soluções para enfrentar os problemas do mundo.

A história tem demonstrado isto ao longo do tempo. É nele onde se cultua a liberdade, a livre iniciativa, o respeito e tantos outros valores muito caros para humanidade.

Entretanto, tenho sido destinatário de críticas partidas de pessoas das mais diversas tendências do arco-íris político do País. Fico inquieto quando apresentam soluções de força como apanágio para resolver os nossos graves e crônicos problemas. Soluções autoritárias implicam em violência contra a qual tenho aversão.

Após tecer considerações sobre os graves defeitos dos nossos políticos e das nossas instituições, um leitor vaticinou: “Ou se põe um ditador à frente do País ou iremos ser sempre uma promessa de terra do futuro. O que você faria, Renato?”

Talvez a resposta seja: em que lugar do mundo, inclusive no Brasil, os ditadores resolveram alguma coisa? A história demonstra que tais personagens somente semearam a desídia, a discórdia, violência, prisões, mortes, perseguições e guerras. O que eu faria? Eis aí uma pergunta difícil de responder! Eu diria que não há, como já afirmei acima, melhor caminho, apesar de todos os percalços, que o democrático, onde está base da civilização ocidental.

A nossa incipiente democracia tem mostrado que enverga, mas não quebra. Resistiu a Color, Lula, Dilma e ora se debate heroicamente no estuário da incerteza de uma roleta russa e, se não fosse a firmeza de nossas instituições, o Capitão já teria virado ditador, sob a inspiração do seu santo de devoção: um famoso torturador. Cruz credo!!!

Enfim, o Estado Novo imposto por um ditador caboclo -de triste memória –  foi palco de prisões, deportações, perseguições, torturas etc. Deixando uma imensa chaga a cicatrizar no seio da nação.

Na ditadura militar meu caro leitor, você que é advogado já teria perdido o ofício, pois esta nobre profissão não viceja em solo autoritário. Pude ter um pouco do gosto da ditadura quando presencie que os da caserna gozarem de privilégios que a população não tinha. Na minha sala do curso de direito tinha dois alunos agentes da polícia federal que entraram na faculdade pela porta dos fundos para vigiar os colegas como se nós fossemos marginais ou apresentássemos risco ao regime.

Não gosto, não aprecio violência e nem os violentos. E não há ditador e nem regime de força sem polícia e sem violência. De qualquer forma este é um assunto para cientistas políticos e eu sou apenas um interiorano e simplório rábula com propensão ao debate. Espero que nenhum ditador venha me retirar a voz e nem a pena. E que o Brasil prossiga, mesmos aos trancos e barrancos, na trilha democrática, pois o aprendizado é longo e a Lusitana continuará rodando até um porto seguro.

Renato Gomes Nery é advogado.

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