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quarta-feira, abril 24, 2024
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O esporte, literalmente, salva vidas

Enquanto você começa a ler este texto, pessoas próximas a você estarão pensando em cometer suicídio. No mundo, a cada 40 segundos, uma, de fato, se mata**. Em Cuiabá, quatro pessoas atentaram contra a própria vida a cada mês de 2019. De 2015 a 2018, aliás, o Estado de Mato Grosso passou por um aumento de 44% neste tipo de morte.

Sim. Falar sobre suicídio ainda é tabu, mas é essencial para revelar a radiografia de um país que não investe em políticas públicas com foco na saúde mental de seus cidadãos. Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT)*** mostram: quem mais se mata são homens (78,3%), de peles negra ou parda (65,7%) e que são solteiros, viúvos ou divorciados (72,8%). A idade média destas vítimas é de 15 a 29 anos.

Dentre as principais causas relacionadas aos pensamentos ou ao ato suicida em si, a depressão é sempre o maior destaque, ocupando o primeiro lugar; seguido por outros transtornos mentais e abusos de substâncias químicas, como o álcool.

Também há o “impulso” como fator relevante: conforme pesquisa da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), muitos recorrem ao suicídio em um momento de crise, com um colapso na capacidade de lidar com o estresse da vida. São apontados dentre estes “colapsos” os problemas financeiros, términos de relacionamento, dores crônicas e doenças.

Mas, e se fosse possível mudar este ranking?

Os órgãos sociais, de desenvolvimento econômico e entidades de saúde de todo o mundo são uníssonas: o suicídio pode ser evitado. Segundo a OMS****, por exemplo, 9 em cada 10 suicídios podem ser revertidos, desde que haja atenção e ajuda. Não existe luta perdida. Para tanto, medidas em diversas linhas de frentes – e com um time de peso – são fundamentais.

Eu, Luluca Ribeiro, tenho convicção de que a adoção do esporte pode virar o jogo.

Diversas pesquisas ao redor do globo já indicaram o que popularmente sabemos: a liberação dos chamados “hormônios do bem”, como endorfina e adrenalina, promovem revoluções mentais positivas.

O esporte ensina. No futebol, é preciso espírito de equipe, ou seja, socialização, um fator considerado fundamental para melhorias em quadros de doenças mentais como a depressão. Durante o jogo, também é preciso pensamento rápido para tomar decisões que impactam em todo o grupo. Estudos indicam, aliás, uma melhora da plasticidade cerebral ao praticar atividades físicas, que influenciam não apenas em campo, mas ao longo de toda a vida.

O esporte acalma. Autoconhecimento e resiliência estão entre as características que modalidades como judô e jiu-jitsu incentivam em seus atletas. Sem o raciocínio ponderado, conhecimento do próprio corpo e de suas limitações, a luta pode ser perdida.

Aliás, o esporte é estratégico. Não é sobre ganhar ou perder. Praticar um esporte é sobre aprender a valorizar vitórias. É encontrar o caminho para a conquista. E a conquista não é uma medalha de ouro. A conquista pode ser, simples e unicamente, estar vivo.

O esporte, literalmente, salva vidas.

*Luluca Ribeiro é advogado, ex-secretário municipal de Esportes em Cuiabá

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