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quinta-feira, abril 25, 2024
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Morre um grande cantor

A arte é a maior forma de preservação da cultura e conservação dos costumes de um povo. A música de Noel Guarany soa mais alto do que qualquer livro conservador. Noel faria 80 anos neste mês de dezembro se não tivesse morrido prematuramente em outubro de 1998 em Santa Maria (RS).

O artista de forma bastante interessante, bonita e efetiva mantém as tradições e valores de uma sociedade. E as pessoas não precisam necessariamente entender a filosofia disso, porque a arte existe para sentir. A arte contempla os sentimentos, a beleza e a alma. Tenta alcançar um estado elevado da natureza humana com inspiração divina.

Tradicionalista, a música dele resgata o modo de vida gaúcho, cheio de melodia, poesia e dialeto. Parente de italianos, Noel Fabricio nasceu na cidade de São Luiz Gonzaga, o ‘Guarany’ veio do grande amor dele em resgatar as origens do gaúcho. Viajou a vida inteira em todo o sul do nosso continente e até esteve em Mato Grosso “povo bom e hospitaleiro”.

O gaudério payador, foi em suas palavras ‘poeta sem catecismo’ e este detalhe é muito importante. Como ele mesmo explica em ‘Filosofia de Gaudério’, a sua música tem origem no humilde cotidiano do peão dos pampas sulistas, descarta a sofisticação da vida, da poesia e do falar, e abraça com toda força o amor em ser ‘grosso’.

Ouvir Noel Guarany é mergulhar num estilo de vida campeiro, ver toda a beleza da natureza, comer frutas das árvores e sentar à beira do rio. Noel está sempre com saudade da terra, da música e dos romances.

Noel conseguiu o que os filósofos, historiadores, políticos e entendedores de arte nunca conseguiriam, ele manteve vivo o espírito de um povo. Ninguém melhor do que um nobre artista para falar Em defesa da arte.

O nativista foi junto com Jayme Braun, Barbosa Lessa, Silva Rillo, Cenair Maicá e Paixão Cortes, os responsáveis pelo resgate da cultura gaúcha. O jornalista Landro Oviedo no Correio do Povo em 1994 em ‘Quando se cala um grande cantor’, disse que Noel marcou a música gaúcha e devemos a ele o resgate da cantiga de galpão, ele prezou a qualidade e não a fama fácil.

“Se não entendem meu canto neste país muito grande”, nós entendemos, porque você “canta o que a alma sente” e está junto com nosso Senhor. Neste país de tamanho continental temos a oportunidade de poder ouvir e conhecer o trabalho deste grande artista. Quem puder poderá visitar a estátua dele em Bossoroca (RS).

Lousdembergue Rondon é jornalista.

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