Uma manifestação tomou conta da entrada da Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional, em apoio à instituição na manhã desta segunda-feira (3). Grande parte dos manifestantes formada por estudantes da UFRJ. Centenas de pessoas estão no local e há reflexos no trânsito da região, segundo o Centro de Operações.
Do lado de dentro, estudantes e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foram ver de perto a situação do patrimônio. Na noite anterior, o local foi destruído por um incêndio, de causas ainda não esclarecidas.
O sentimento de tristeza estava refletido nos olhos cheios de lágrimas das alunas de Geologia. Patrícia Quadros, que está fazendo doutorado na universidade, disse que esteve no local durante a noite e voltou esta manhã na expectativa de tentar resgatar mais algum material do Museu.
“A gente veio hoje pra ver se deixam a gente entrar pra tentar salvar algo. Tem rochas, minerais, meteorito, fóssil… algumas coisas, dependendo da temperatura, resistem”, explicou a estudante de geologia. O meteorito Bendegó resistiu às chamas.
A pedra, que pesa 5,6 toneladas, foi achada em 1784 perto de um riacho no interior da Bahia e levou quase um ano para chegar ao Rio. O meteorito foi levado para o Museu Nacional a mando do Imperador Dom Pedro II em 1888 e permaneceu no local desde então.
‘Acabou tudo’
A historiadora e professora da UFRJ Regina Dantas estuda a história do palácio há mais de 30 anos, quando foi convidada a trabalhar no Museu Nacional. Inconsolável diante do prédio destruído, ela contou que sua relação com o local teve início na infância.
“Estou desde de 1994 aqui dentro todos os dias. Eu era muito nova quando comecei a ter contato com o museu. Eu fazia piquenique no gramado e queria trabalhar no museu”, contou.
A professora de dedicava a estudar a história do palácio que abrigava o museu. Ao olhar para o prédio, ela chorava. “Acabou tudo agora. Meu deus do céu, acabou tudo. E eu estudo essas coisas. Estava tudo ali no segundo andar. Acabou tudo. Tudo que eu estudei durante esses 30 anos, acabou tudo. Os documentos estavam lá no terceiro andar”, disse.