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quinta-feira, abril 25, 2024
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Se eleger deputado estadual é a próxima meta de Júlio Campos, político que já foi quase tudo

O ex-deputado federal Júlio José de Campos (DEM), já foi prefeito de Várzea Grande, governador do Estado, senador da República, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e deputado federal. Agora, está a um passo de se tornar deputado estadual, único posto eletivo que lhe falta para fechar a sua trajetória política em Mato Grosso. Pelo histórico no Executivo e no Legislativo não lhe faltam credenciais e também chances, já que Julio Campos é figura de uma família tradicional na política estadual além de relevantes serviços à sociedade e à economia por meio de projetos e iniciativas. É nisso em que ele acredita e defende. Estreiou na política em 1972 quando elegeu-se prefeito de Várzea Grande. Em 1978 concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados pela Arena e foi eleito. Em junho de 1982, teve seu nome homologado pela convenção do PDS como candidato ao governo do estado. Em novembro, elegeu-se, derrotando o candidato do PMDB, padre Raimundo Pombo.  Durante seu governo, foi inaugurada a pavimentação da rodovia que liga Cuiabá a Porto Velho e foram construídas várias rodovias vicinais. Já em 1986, foi eleito o constituinte mais votado do estado na legenda pefelista. Foi autor da proposta que transformou o Pantanal Mato-Grossense em área de patrimônio nacional. Nas eleições de outubro de 1990, concorreu a uma das vagas ao Senado pela mesma legenda e também se elegeu. Em 2010 voltou a candidatar-se, desta vez por uma nova vaga na Câmara dos Deputados e venceu mais um pleito. Em 2022 Júlio Campos sonha com a eleição para deputado estadual, assunto desta entrevista.

“Tudo depende muito do processo político daqui até o ano que vem”, analisa Júlio Campos

O senhor já ocupou quase todos os cargos eletivos em Mato Grosso. Em 2022 pensa em consolidar o ciclo sendo candidato a deputado estadual?

Realmente, já ocupei praticamente todos os cargos eletivos de Mato Grosso. Fui prefeito de Várzea Grande, Governador do estado, deputado federal por três mandatos e Senador da República. Dependendo da conjuntura política e do exercício partidário, poderei sim disputar uma cadeira no Parlamento Estadual em 2022 pelo Partido Democratas. Mas isso depende muito do processo político daqui até o ano que vem.

Uma candidatura do senhor à ALMT seria mais bem viabilizada sem o deputado Eduardo Botelho no pleito, com ele indo ao Senado, vice-governador ou para o TCE?

Veja bem. A minha candidatura a deputado estadual, se ocorrer no ano que vem, independe de o deputado estadual e atual primeiro-secretário da Assembleia Legislativa ser ou não candidato à reeleição. Temos uma faixa de eleitorado bastante próxima, no entanto cada qual tem o seu público eleitor. Caso o Eduardo Botelho seja indicado para o egrégio Tribunal de Contas do Estado no ano que vem, indiscutivelmente o grande beneficiado serei eu. Nesse caso eu receberia um apoio muito grande de vários dos atuais aliados o deputado Botelho, o que facilitaria a minha candidatura. Ainda assim, uma possível candidatura minha não ficaria na dependência da ida ou não do Botelho para o Tribunal de Contas.

Caso Botelho concorra a mais um mandato, Julio Campos desistiria de uma candidatura para apoiá-lo?

Se o Eduardo Botelho concorrer a deputado estadual mais uma vez, não indo para o Tribunal de Contas, e eu não sendo candidato com certeza o apoiaria. Grande parte dos meus amigos e do eleitorado da Baixada Cuiabana que me acompanha, certamente optaria em ajudar a reeleição do Botelho. Fazemos política em conjunto há muitos anos e temos ligação de ordem pessoal e até familiar. Indiscutivelmente, o nosso eleitorado se confunde bastante.

Acho que deveria haver legalização não só o do jogo do bicho, mas que todos os jogos no Brasil poderiam ser legalizados

Na possibilidade da ex-prefeita de Várzea Grande, Lucimar Sacre de Campos, sair candidata a deputada federal o senhor teria uma aliada de peso na campanha à ALMT. Essa chance existe?

Sem dúvida alguma, se a ex-prefeita Lucimar Campos  optar em ser candidato a deputada federal em 2022, o que não acredito que ocorra, ela ajudaria não só Partido Democratas eleger mais um parlamentar federal como também ajudaria a todos os candidatos a deputados estaduais da sigla. O nome dela é muito forte não apenas na Baixada Cuiabana, mas em quase todo o Mato Grosso. Outro fator positivo é que a participação da mulher na política faz crescer essa possibilidade, de alguma forma, e qualquer candidato a deputado estadual que sair com o apoio dela seria beneficiado com o seu prestígio junto à sociedade mato-grossense.

Em 2022 Mato Grosso terá uma eleição, possivelmente, polarizada em torno do governador Mauro Mendes e do prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro. Em quem o senhor apostaria como terceira via de peso nesse pleito?

O processo sucessório e a governança de Mato Grosso em 2002 deverão ser discutidos basicamente a partir do ano que vem. O governador Mauro Mendes, que é do Democratas, ainda não manifestou o desejo de ser candidato à reeleição. Muito menos o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, também manifestou essa intenção. Essas conjunturas são avaliações precipitadas da Imprensa. O Mauro já disse que só vai discutir a sucessão em março do ano que vem, quando definirá se será ou não candidato à reeleição. O Emanuel também manifestou a intenção de permanecer os quatro anos no cargo para o qual foi eleito para exercer a função de prefeito até 2024. No mais, até meados do ano que vem vai surgir dois ou três candidatos além dos nomes do DEM e MDB. O próprio grupo ligado ao presidente Jair Bolsonaro também deverá lançar candidatura e até ventilou o deputado federal José Medeiros como possível nome. Aliás, todos os partidos terão que ter candidaturas majoritárias de governador e de senador para conseguir eleger deputados federais e estaduais. É fato que não haverá coligações. Independente de qualquer coisa vai surgir a terceira, quarta, quinta ou sexta via em Mato Grosso para disputar a sucessão ao Palácio Paiaguás.

No passado o senhor quis a legalização do jogo do bicho. Caso o senhor seja deputado estadual faria gestão junto à bancada federal em defesa desse jogo?

No passado eu achava que deveria haver a legalização não só o do jogo do bicho, mas que todos os jogos no Brasil poderiam ser legalizados. Atualmente, mesmo com as pessoas fingindo que não está acontecendo os chamados jogos de azar continuam funcionando em todo o Brasil.Acho que o Brasil está perdendo muito em não legalizar os jogos de azar. A legalização, como existe nos Estados Unidos e outros países da América do Sul, proporciona a criação de um grande centro turístico. Além disso, o Brasil teria possibilidade de colocar os cassinos funcionando na região Amazônica, no Nordeste, Centro-Oeste, no Pantanal, enfim, onde houvesse possibilidade de gerar emprego e renda. Sobretudo, em regiões que precisam aumentar o emprego e a renda. Portanto não sou contra. Defendo que o Congresso Nacional deve colocar esse tema em discussão para que o governo possa arrecadar e transformar essa renda em benefícios à sociedade. Já temos uma Receita Federal bastante competente para fiscalizar esses jogos. Portanto, a minha tese ainda é favorável para que os jogos sejam legalizados e milhares de brasileiros não precisem viajar ao exterior para se divertir em cassinos.

No Congresso o senhor fez parte da Comissão de Meio Ambiente e, antes disso, foi membro do Consórcio Internacional de Desenvolvimento do Pantanal. Naquela época não se previa que o Pantanal enfrentaria os problemas atuais relacionados ao meio ambiente e à sua economia?

Com relação ao Pantanal, enquanto senador eu consegui aprovar o Plano de Gerenciamento do Pantanal, na década de 1990. No senado consegui o apoio necessário para a regulamentação e a defesa dessa imensa região. Infelizmente, quando a proposta chegou à Câmara Federal não teve a mesma receptividade. Na época os então deputados federais Wilson Santos e Valtenir Pereira fizeram gestões pela aprovação desse meu projeto, mas não conseguiram. Só agora, depois de uma articulação do senador Wellington Fagundes, uma comissão criada no Senado está conseguindo encaminhar as reivindicações na forma de Projeto de Lei para regulamentar as atividades de defesa e de desenvolvimento do Pantanal. O Pantanal sofreu com o incêndio florestal recentemente porque a pecuária está praticamente parada na região. Virou só matagal onde o gado deixou de pastar. Felizmente as providências estão sendo tomadas, inclusive com apoio direto dos governadores de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul.

O que precisa ser feito em relação à proteção e desenvolvimento do Pantanal hoje que poderia ter sido feito no passado e não foi?

É preciso aprovar incentivos fiscais para que o Pantanal seja viável não apenas economicamente, mas também ambientalmente. Do jeito em que está abandonado sem uma lei específica para a região e sem nenhum controle fiscal, vai continuar sendo alvo de incêndios e de atividades predatórias. Acredito que agora, com essa nova iniciativa do Senado, além de mais atenção por parte do Governo federal e dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul essa realidade possa ser mudada.

Mato Grosso é o estado campeão na produção de alimentos e tem um futuro muito grande diante do Brasil e do Mundo

Em 1970 o senhor ganhou expressão política filiado à Arena, que dava sustentação ao Regime Militar. O senhor acha que o Brasil suportaria mais uma intervenção militar, como prega o presidente Bolsonaro?

Filiei-me na Arena em 1971 para ser candidato a prefeito de Várzea Grande. A minha primeira eleição foi em 15 de novembro de 1972 pela Arena. Naquela época o Regime Militar estava no auge do seu prestígio com o governo de Garrastazu Médici Fazendo um grande programa de desenvolvimento, depois veio nessa mesma linha os presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo.  Depois o ciclo do governo militar exauriu-se em 1985 com a eleição de Tancredo Neves e José Sarney. Como Tancredo morreu antes da posse, Sarney assumiu e concluiu o processo da democratização do país. Já era uma aspiração do povo brasileiro e a luta pelas Diretas Já vinha sendo construída pela emenda Dante de Oliveira, que era deputado federal. Acredito que hoje não há nenhum sentido falar sobre intervenção militar. O Brasil hoje é uma nação democrática e os poderes funcionam normalmente. O precisa é termos leis mais severas para evitar o caos como vem ocorrendo com o radicalismo na política e as interferências de um Poder nas atribuições do outro. Quanto a isso a Constituição de 1988 é muito clara. Acredito plenamente na democracia e isso é irreversível. Ditadura não.

Onde o presidente Bolsonaro tem acertado e onde deixa a desejar?

O presidente Jair Bolsonaro tem muitos acertos, mas também muitos erros. Destaco o grande acerto que foi acabar com a corrupção no governo. Pôs fim á roubalheira e anarquia ocasionada pelos governos do PT. Tanto Lula quanto Dilma foi vergonha para o Brasil, além de destruírem a economia entregue aos próximos governos. Bolsonaro teve o mérito de ainda não ter surgido nenhuma denúncia de corrupção. Por outro lado, o atual governo assumiu encarando uma crise na economia e não foi feliz no trato com os problemas relacionados à pandemia da Covid-19.  Deixou a desejar na área da saúde pública e, por isso, está sofrendo bastante desgaste. Mesmo assim, ainda é o presidente que tem apoio de 33 por cento ou um terço da população brasileira.  Por outro lado, um terço da população ainda apóia o Lula e o PT, mas é a maioria que decidirá em 2022. Observo que cerca de quarenta por cento da população tem perfil de centro, só que ainda não apareceu um candidato forte desse nicho para mobilizar a maioria da sociedade para a próxima eleição. De todo modo, será uma eleição bastante disputada.

Falta ao presidente da República habilidade para lidar com os demais poderes ou os conflitos gerados são motivados pelo gênio forte do presidente?

Embora Bolsonaro tenha sido parlamentar federal por 28 anos, convivendo com o Congresso Nacional e morando em Brasília, ele poderia estar mais habilmente preparado para o exercício da política e da função de presidente da República. Deixa muito a desejar a sua inabilidade nesse sentido, mas mesmo assim ele continua se articulando por meio do Centrão e está fazendo com que haja apoio mais consolidado aos seus projetos para reformas. Infelizmente, Bolsonaro foi um pouco atrapalhado pelo ex-presidente da Câmara, o nosso correligionário do DEM, deputado Rodrigo Maia. Ele mais atrapalhava do que ajudava. Mesmo assim, acredito que entre todos os sentidos o presidente Bolsonaro ainda tem uma grande força política junto à população. Pode até não ser reeleito, mas ele continua forte.

Ainda sobre uma terceira via, em quem o senhor apostaria para que a eleição presidencial de 2022 não fique polarizada entre Bolsonaro e Lula?

Ainda não Surgiu, mas acredito que pode surgir um terceiro nome forte para disputar a presidência. Temos um bom quadro de pessoas importantes que podem participar do processo político no ano que vem, mas ainda não surgiu o nome consolidado. Ou seja, fala-se de João Dória, o ex-ministro Sérgio Moro, Ciro Gomes, Tasso Jereissati, Henrique Mandetta, Luciano Huck, entre outros. Mas reforço que não surgiu uma terceira via forte para disputar com Lula e Bolsonaro as eleições do ano que vem.

Como o senhor vê o Brasil e Mato Grosso em um futuro próximo?

Vejo com muito otimismo o futuro do Brasil e de Mato Grosso. O país é muito forte. Com toda a corrupção e roubalheira que houve naqueles quatorze anos de governo do PT, o Brasil salvou-se e continua forte. Temos uma reserva internacional de aproximadamente 400 bilhões de dólares. Poucos países do mundo têm essa reserva internacional ou tem um potencial de agricultura moderna como o Brasil. O mundo precisa do Brasil para alimentar suas nações. Mato Grosso é o estado campeão na produção de alimentos e tem um futuro muito grande diante do Brasil e do Mundo.

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