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sábado, abril 27, 2024
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Cuiabana cria brechó e faz sucesso com peças inclusivas

Após se ver grávida na adolescência, Juliana de Souza Silva, de 19 anos, foi em busca de sua independência financeira e decidiu arriscar criando seu próprio negócio. Hoje, a jovem acumula mais de 4 mil seguidores no Instragram e conquista cada vez mais público com seu brechó online inclusivo e para todos os corpos.

Em entrevista ao MidiaNews, Juliana conta que a coragem para começar a empreender veio da necessidade pessoal. Com apenas 16 anos a cuiabana teve seu filho, e, além da nova responsabilidade, convivia com outra mudança que era a separação de seus pais.

Morando com sua mãe e decidida a não sobrecarregá-la financeiramente, enquanto estudava no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) começou a aprender ainda grávida a fazer manualmente suportes para plantas. A ideia na época era apostar no único artesanato que ela poderia vender, já que a roupa ainda não era uma opção.

“Não queria ser mais uma despesa, mais um peso para minha mãe e realmente queria ser independente. Também não queria sair da escola, era um curso que queria muito, estava muito feliz por ter passado e então decidi empreender”, conta.

Acredito que meu trabalho pode ajudar muito mais pessoas do que só na hora da venda. Quero que a roupa que esteja ali tenha mais história por trás dela, então procuro sempre comprar de instituições beneficentes.
Por mais que estivesse otimista, o projeto inicial não deu o resultado esperado e acabou minando a ideia que Juliana tinha de conseguir dinheiro vendendo os suportes de planta. Ao longo dos meses em que ficou confeccionando os objetos, percebeu que era muito trabalho para pouco retorno.

Ela relembra que para fazer apenas um suporte demandava horas e, no final, não haviam muitos clientes interessados em comprar toda vez. Isso a fez enxergar que não valia a pena investir mais esforço na atividade que já estava custando caro. Apesar da primeira decepção, isso não fez com que Juliana desistisse de comandar o seu próprio negócio e logo uma nova ideia surgiu.

“Fui em uma feira de escambo da UFMT e comecei a vender roupas da minha cunhada, do meu irmão, minha mãe, desapego mesmo. Na primeira vez que eu fui, vendi três peças”, relata.

“Mas eu vi que essas peças que vendi foi quando comecei a chamar o pessoal, falar com eles, me soltar. Então percebi isso me daria mais retorno que o suporte de planta e que conseguiria vender se me esforçasse.”, explica.

Já acostumada a fazer compras em bazares, a cuiabana não estranhou o ambiente e dali começou a garimpar as melhores peças para começar a revender em seu recém-criado negócio, o Encontre Lá Brechó.

Solidariedade por meio do trabalho

Desde o início do trabalho, há quase três anos, Juliana conta que já usou diversos métodos para conseguir roupas usadas. No entanto, atualmente a jovem afirma que opta por garimpar em bazares beneficentes. Sua escolha é baseada em um princípio pessoal que a leva a tentar usar o seu trabalho não só para beneficiar quem precisa adquirir roupas mais baratas, mas também as instituições que fazem trabalhos que precisam ser reconhecidos.

“Acredito que meu trabalho pode ajudar muito mais pessoas do que só na hora da venda. Quero que a roupa que esteja ali tenha mais história por trás dela, então procuro sempre comprar de instituições beneficentes”, explica.

Pensando nisso, a cuiabana decidiu começar a auxiliar nas atividades em um desses bazares e há um ano Juliana conta que o trabalho voluntário a escolheu. Com isso, além de administrar seu brechó, a jovem se desdobra para conseguir para realizar as atividades solidárias, tudo isso enquanto faz cursos e cuida do filho pequeno.

As quartas e sextas são os dias da semana separados para se dedicar ao trabalho voluntário. Ela conta que no bazar onde auxilia faz de tudo, desde limpeza, organização e até a separação das roupas que chegam de doações. Apesar de considerar um privilégio poder ser sempre a primeira a ver as peças que chegar, Juliana afirma que na maioria das vezes as roupas não são tão legais.

Mesmo sendo um trabalho não remunerado, a cuiabana conta feliz sobre as atividades que realiza, e afirma que sua maneira cuidadosa de trabalhar foi o que a fez ser escolhida para ajudar no bazar.

Mas as ações beneficentes não param nas pilhas de roupa. Juliana relata que também participa de várias atividades sociais voltadas para as pessoas em situação de rua, desde campanha do agasalho, natal solidário e também na produção de kits de higiene e de doações de roupas para aqueles em vulnerabilidade.

Brechó para todos os corpos

Com o Encontre Lá, Juliana também foi capaz de preencher um espaço vazio de opções em Cuiabá, que são os brechós que comercializam roupas para pessoas plus size com um preço acessível. Hoje o lema do seu negócio é: “Roupas perfeitas para pessoas reais”. Mas a cuiabana conta que nem sempre foi assim.

Antigamente, quando encontrava roupas de tamanhos maiores, Juliana costumava pegar as peças para ela mesma. Até porque, a jovem afirma que realmente essas não são as roupas mais fáceis de achar. No entanto, depois de observar sua própria vivência como consumidora de roupas plus size, enxergou uma abertura para se destacar dos outros tantos brechós que existem na Capital.

“Por ser uma mulher gorda, vi que poderia colocar [peças plus size] no meu brechó como um diferencial e, assim, as pessoas me terem como referência no mercado plus size de brechó”, explica.

“Aqui em Cuiabá principalmente é muito difícil brechós que tenham roupas maiores que 44, 46”, acrescenta.

E a escolha da empreendedora logo se mostrou uma ideia excelente, com a conquista de cada vez mais clientes que não só elogiavam trabalho de Juliana, como se mantém fiéis até hoje a cada anúncio de novas peças.

A inclusão de corpos normalmente excluídos, trouxe não só frutos para os negócios, mas também para a vida de Juliana, que fez novos amigos para compartilhar as dicas e vivências.

“As pessoas vêm compartilhar comigo essas histórias de não acharem roupas maiores e é realmente de chatear, porque as peças estão ali, só é mais difícil de achar. Então é questão de prioridade”, afirma.

Planos futuros

Juliana afirma que tem se empenhado para estudar cada vez mais e, dessa forma, seguir evoluindo a qualidade de seu trabalho de curadoria nas peças vendidas no brechó. A jovem afirma que sempre se empenhou em ir a eventos sobre empreendedorismo, principalmente voltado para mulheres.

Todo o esforço da cuiabana tem um propósito que, segundo ela, é poder deixar algo para seu filho no futuro. O maior sonho de Juliana é garantir que seu bebê possa ter uma vida confortável, tudo proporcionado pelo esforço do seu trabalho.

“Meu sonho para o futuro é conseguir sustentar meu filho, no sentido de deixar algo para ele ter uma vida mais estável e não ter que sofrer tanto. Meu sonho é realmente deixar ele tranquilo e saber que eu fiz de tudo para ele ter uma vida confortável”, diz.

 

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